Sequestro é usado pelos guajajaras como parte do protesto que interditou ferrovia utilizada pela mineradora
O prefeito de Alto Alegre de Pindaré, Altemir Botelho (PT), e mais três pessoas viraram reféns de índios guajajaras no início da noite desta quinta. O grupo tentava negociar a libertação de seis empregados da Vale sequestrados desde quarta-feira, quando os índios ocuparam a linha da Estrada de Ferro Carajás.
Os índios reclamam do atraso de repasse de produtos agrícolas e pedem melhorias no atendimento de saúde e educação na terra indígena do Caru, localizada ao longo da ferrovia.
A situação na região voltou a ficar tensa, apesar de os índios terem liberado a ferrovia e os trens estarem circulando pelo trecho. A mineradora informou por nota que há possibilidade de novas interdições da linha férrea.
No fim da tarde, fontes locais informavam que a qualquer momento forças de segurança do Maranhão poderiam ser deslocadas para a área. O local onde ferroviários estão sendo mantidos reféns fica dentro da terra indígena do Caru, a apenas 60 metros de onde os trens passam. É dessa aldeia que partem os grupos que têm ocupado a ferrovia desde 2005, quando os guajajaras descobriram que interditar a linha produz mais resultados do que conversas diretas com a Fundação Nacional do Índio (Funai) ou com autoridades locais.
Na primeira ocasião em que os índios tomaram a ferrovia, a Vale passou 15 dias sem poder transportar minerais para o Porto do Itaqui, em São Luís, e combustível para os municípios do interior do Maranhão e do leste do Pará. Na época, os índios também sequestraram quatro ferroviários e destruíram 150 metros de dormentes e trilhos. Desde então, já ocorreram cerca de 10 episódios de interdição da ferrovia. O último, há um ano, durou 10 horas.
Reação. A mineradora informou por nota que as reivindicações indígenas não dizem respeito à empresa, que está em dia com as obrigações acordadas com a Funai em 2007 e que vai responsabilizar civil e criminalmente os autores da invasão.
Fonte: Ernesto Batista, especial para O Estado de S. Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário