A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de que a Lei da Ficha Limpa não se aplica para as eleições de 2010 não muda só o Congresso Nacional, mas leva alguns "fichas-sujas" também para as Assembleias Legislativas dos Estados.
Em levantamento feito por Terra Magazine, considerando os resultados de dez Estados em diferentes regiões, ao menos 14 políticos que haviam sido barrados pela nova lei poderão assumir seus postos e tirar da Assembleia outros já empossados. O número não é tão alto, o que mostra que o impacto de ser enquadrado na lei já dificultou a campanha de alguns.
A dança de cadeiras, porém, deve ser ainda maior. Assim como na Câmara dos Deputados, a eleição de um representante regional depende também dos votos obtidos pela legenda. Como os votos dos "fichas-sujas" voltam a valer, a proporção calculada por meio do coeficiente eleitoral muda. Os cálculos terão que ser refeitos para saber quem, de fato, foi eleito.
Em São Paulo, o "ficha-suja" mais votado foi Luciano Batista (PSB ), que teve as contas rejeitadas na época que comandou a Câmara Municipal de São Vicente. Batista recebeu 52 mil votos, 20 mil a mais que o deputado eleito com menos votos. Assumir ou não, porém, é algo que depende do coeficiente eleitoral. Paulo Maluf (PP) chegou a ser enquadrado na lei, mas tomou posse depois de ser inocentado de uma acusação de compra superfaturada de frangos durante sua gestão na prefeitura da capital.
Outros dois nomes pendurados pela lei da Ficha Limpa poderiam ter chances de entrar na Assembleia paulista: Antonio Dirceu Dalben (PPS, 37 mil votos) e Diniz Lopes Dos Santos (PR, 39 mil votos).
Em Minas Gerais, a vantagem vai para Leonídio Bouças, que carrega uma condenação por improbidade administrativa. O caso dele foi, inclusive, o usado pelo STF para chegar à decisão. Quem também deve se beneficiar é Pedro Ivo Ferreira Caminhas (PP), que teve 61 mil votos em outubro.
Outro caso é o do ex-prefeito de Caetés (PE), Zé da Luz (PHS). Ele teve 28 mil votos, mesmo sendo enquadrado como "ficha-suja" por ter tido suas contas rejeitadas quando estava à frente do município.
No Amazonas, o ex-prefeito de Coari acusado de improbidade administrativa, Adail Pinheiro (PRP), conseguiu 22 mil votos e só não deve ter chances por conta do coeficiente eleitoral. Quem deve conseguir uma vaga no Estado é Wilson Lisboa (PCdoB), ex-prefeito de Fonte Boa que teve 13 mil votos e foi barrado por irregularidades nas contas de sua administração municipal.
Na Bahia, Distrito Federal e Rio Grande do Sul - que também entraram no levantamento - é provável que nenhum ficha-suja assuma vaga na Assembleia, já que a votação deles foi baixa. No Rio de Janeiro, Jorge Haut (PHS, 21 mil votos), Jorge Campos (PRTB) e Mauro Rezende de Oliveira (PSDC) podem ter chances.
Fonte: Dayanne Sousa/Terra Magazine
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