quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

DISPUTA POR LIDERANÇAS ENVOLVE ATÉ 138 CARGOS POR GABINETE.

Posto amplia projeção política de parlamentares, que também passam a contar com gabinetes dotados de mega-estrutura.

De olho no poder de nomear até 138 funcionários a mais, deputados e senadores disputam a vaga de líder para obter maior projeção e status no Congresso. Entre hoje até segunda-feira, a maioria dos novos líderes será definida por meio de consenso ou votação. A escolha também envolve interesses das cúpulas dos partidos e de projetos para candidaturas em 2012 e 2014.
Na Câmara, por exemplo, 14 legendas têm com gabinetes de liderança, onde trabalham mais de 1.300 servidores, entre efetivos e comissionados. Dependendo da representatividade do partido, medida pelo número da bancada, o gabinete do líder abriga entre 25 e 138 funcionários, que conta com serviços postais, de telefonia, internet, TV a cabo.
Não existe verba específica para as lideranças, que são custeadas pela Casa. A briga por espaço é tanta que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), quando era presidente da Câmara, abriu uma exceção e considerou que partidos com menos de cinco deputados eleitos teriam direito a lideranças, o que é proibido pelo regimento da Casa.
A escolha do líder leva em consideração questões estratégicas, como a relação com o comando das legendas e, claro, os futuros candidatos nas próximas eleições. Durante as sessões plenárias, o líder tem prerrogativa de falar a qualquer momento, seja para fazer uma comunicação da liderança ou discutir uma matéria em votação.
O tempo é definido pelo tamanho da bancada do partido. Por exemplo: Com maior número de deputados eleitos, respectivamente, o PT terá 10 minutos e o PMDB, 9 minutos, para comunicações de liderança. Enquanto partidos com bancadas menores, como PSOL e PTdoB, somam 5 minutos por semana.
O próprio cargo serve de trampolim para voos mais altos dentro e fora do Congresso. O senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) é um exemplo disso. Depois de liderar seu partido na Câmara, se consolidou como candidato a presidente da Casa em 2001. Eleito, conseguiu no ano seguinte ser candidato a governador de Minas Gerais. Novamente, foi eleito e reeleito.
De volta ao Congresso após oito anos, Aécio teve participação na escolha do líder não só do PSDB, mas também do DEM – histórico aliado dos tucanos. Depois de avalizar a indicação de Duarte Nogueira como líder do PSDB na Câmara, Aécio pediu que Marcos Montes (DEM-MG) desistisse de disputar a liderança do DEM.
Com o apoio do ex-presidente do DEM Jorge Bornhausen, Montes queria disputar a liderança contra Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), aliado do atual presidente do partido, Rodrigo Maia. Bornhausen e Maia disputam o comando do DEM. Na última eleição presidencial, o grupo de Bornhausen forçou o apoio ao tucano José Serra.
De olho em 2014
Interessado no apoio do DEM para disputar o Palácio do Planalto em 2014, Aécio convenceu o conterrâneo Marcos Montes a desistir da contenda pela liderança. Mesmo assim, o DEM manterá a disputa com o deputado Eduardo Sciarra (DEM-PR).
No Senado, o posto de líder do DEM também ainda segue indefinido por influência da disputa pela presidência do partido. Atual líder, o senador José Agripino (RN) é cotado para assumir o comando o DEM. Ele tem o apoio de Rodrigo Maia. O problema é, de novo, a disputa deste com Jorge Bornhausen, que lançou Marco Maciel para presidente.
A eleição para presidente do DEM está marcada para março. Se Agripino for escolhido presidente do partido, a vaga de líder deverá ficar com o senador Demóstenes Torres. Na última eleição, a bancada do DEM no Senado diminuiu seu tamanho de 14 para apenas cinco senadores.
Planalto influencia escolha
No PT, a escolha do líder também é influenciada por interesses do Palácio do Planalto e da cúpula do partido. O novo líder da Câmara é Paulo Teixeira (SP). Com origem na tendência interna petista Mensagem ao partido, ele só chegou ao cargo graças ao apoio da majoritária Construindo Um Novo Brasil (CNB).
A CNB, porém, já emplacou o novo líder no Senado. Será o ex-ministro da Saúde e recém-eleito senador Humberto Costa. A corrente também defende a manutenção do deputado Cândido Vaccareza (PT-SP) no posto de líder do governo na Câmara. Ele, porém, enfrenta dificuldades porque tentou ser candidato a presidente e foi derrotado.
Deputado ligado ao CNB, João Paulo Cunha é bom exemplo de como uma liderança pode ajudar alçar voos mais altos. Depois de ser líder do PT na Câmara, ele candidatou-se à presidência da Casa. Deixou o posto em 2005 quando começou a se preparar para disputar o governo de São Paulo. Envolvido no “mensalão”, abandonou seus planos.
Com a maior bancada no Senado e segunda maior na Câmara, o PMDB vai reduzir seus respectivos líderes este ano: Renan Calheiros (AL), no Senado, e Henrique Eduardo Alves (RN), já negociaram suas permanências. Ambos também articulam nos bastidores candidaturas às presidências do Senado e da Câmara em 2013.
Principais lideranças

Câmara
PT Paulo Teixeira (SP)
PMDB Henrique Eduardo Alves (RN)
PSDB Duarte Nogueira (SP)
PR Indefinido
PSB Ana Arraes (PE)
DEM Indefinido
PTB Jovair Arantes (GO
PDT Paulinho (SP)
PPS Rubens Bueno (PR)

Senado
PT Humberto Costa (PE)
PMDB Renan Calheiros (AL)
PSDB Alvaro Dias (PR)
PR Indefinido
PSB Antonio Carlos Valadares (SE)
DEM Indefinido
PTB Gim Argello (DF)
PDT Acir Gurgacz (RO)
PPS Itamar Franco (MG)

Fonte: Adriano Ceolin e Fred Raposo/iG Brasília

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